2 – Biografia: Reginaldo Gomes de Oliveira. A Infância
- regiegomes
- 24 de ago. de 2024
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No começo de sua infância em Boa Vista no bairro Caxangá, Reginaldo era levado pelo pai Nelson para a casa da avó paterna (Antônia), onde ficava aos cuidados da tia Etelvina. Ela era a irmã caçula de Nelson e na época, era uma adolescente de 16 anos, cuidava também de mais dois sobrinhos filhos da tia Angélica, que deixou a responsabilidade para a avó Antônia criar: Sonia e Aloisio.
Acompanhado da avó materna Amélia ou da mãe Delzira, o garoto começou seus estudos no Jardim de Infância Princesa Isabel, onde foi aluno da professora de piano Carmem Macaggi, por volta de 1958. Ela era irmã da escritora Nenê Mcacaggi.
Sentada ao piano, com as crianças sentadas em meio círculo, a professora Carmem tocava o piano e cantava com as crianças. Ao som do piano e das canções infantis, as crianças desenvolviam brincadeiras usando expressões corporais: ora em círculo, ora saltando em grupos ou agachando-se, em fileira, cada um com a mão no ombro da criança à frente.
Em outros momentos, as crianças em fila, de mãos dadas, caminhavam até a árvore gigante: Sumaúma, onde faziam um círculo ao redor da árvore entoando canções infantis. No entanto, Reginaldo foi alfabetizado em casa pela avó materna Amélia.
Figura 07 – Prédio do Jardim de Infância Princesa Isabel, no lado direito da fotografia identificamos a famosa árvore Sumaúma, localizado na antiga avenida Jaime Brasil, no centro de Boa Vista.

Fonte: Foto publicada pelo grupo Boa Vista de Antigamente, plataforma do Facebook, 2022
Com as outras crianças, Reginaldo brincava fazendo uso do caroço de tucumã, substituindo a bola de gude. A bola de gude, daquelas de vidro, o garoto não conhecia. No domingo, depois da missa, Reginaldo era levado pelo pai (Nelson) ou tio Barrigola (Otávio, irmão de Nelson) para o jogo no estádio Mineirão. Lá Nelson e Barrigola eram um dos craques do futebol.
Figura 08 – Anos de 1950/1960: Futebol em Boa Vista. Barrigola (Otávio) é o segundo agachado, da direita para a esquerda.

Fonte: Foto do acervo do autor.
Figura 09 – Anos de 1950/1960: Futebol em Boa Vista. Partida de futebol no Estádio João Mineiro.

Fonte: Foto publicada pelo grupo Boa Vista de Antigamente, plataforma do Facebook, 2023.
No igarapé Caxangá, a avó materna (Amélia) e a avó paterna (Antônia) eram umas das muitas lavadeiras que usavam o igarapé para desenvolverem o seu trabalho.
Enquanto isso, Reginaldo e outras crianças pulavam no igarapé, ou crianças maiores subiam em árvores e pulavam dentro d’água.
Haviam disputas para saber que subia no galho mais alto para se jogar dentro do igarapé.
Nesse panorama do igarapé Caxangá e suas lavadeiras, Reginaldo e as outras crianças desfrutavam das divertidas brincadeiras na água.
Figura 10 – Gravura que ilustrou o menino-peixinho de igarapé. Publicado em SANTOS, José. Crianças do Brasil, 2008, p. 51.

Fonte: Foto do acervo do autor.
Durante os momentos que ficava aos cuidados da tia Etelvina, ela dava banho e arrumava as crianças para levar na sessão de matinê no Cine Teatro Boa Vista, localizado na avenida Jaime Brasil, onde se divertiam assistindo filmes de faroeste.
Reginaldo ficava impressionado com os tiroteios, envolvendo o xerife e os pistoleiros em seus cavalos e também aparecia trens, tornando as cenas cativantes.
Figura 11 – Cine Teatro Boa Vista, anos de 1950.

Fonte: Foto publicada pelo grupo Boa Vista de Antigamente, plataforma do Facebook, 2022
Na avenida Jaime Brasil esquina com a avenida Sebastião Diniz, próximo do Cine Teatro Boa Vista, havia uma residência de dois pisos que chamava atenção do garoto.
Era a casa dos governadores do Território Federal do Rio Branco, com jardim e um chafariz. O chafariz chamava a atenção, pois foi o primeiro da cidade de Boa Vista.
Figura 12 – A casa dos governadores do Território Federal de Roraima, anos de 1950.

Fonte: Foto publicada pelo grupo Boa Vista de Antigamente, plataforma do Facebook, 2023
Figura 13 – O jardim e o Chafariz. A casa dos governadores do Território Federal de Roraima, final dos anos de 1940 e começo de 1950.

Fonte: Foto publicada pelo grupo Boa Vista de Antigamente, plataforma do Facebook, 2023
Outra festividade que animavam a vida do garoto Reginaldo era as festas dos arraiais na Igreja Católica ou quermesse. Eram animadas festas beneficentes, geralmente organizada pelos padres ou freiras e com apoio dos fiéis, com bazares, leilões de prendas, comidas típicas e diversas atividades recreativas.
O garoto era levado para a quermesse na Igreja de São Sebastião e também na Igreja Matriz Nossa Senhora do Carmo.
Figura 14 – Procissão na Igreja São Sebastião, anos 1950

Fonte: Foto publicada pelo grupo Boa Vista de Antigamente, plataforma do Facebook, 2023
Ao celebrar o aniversário no período do carnaval, A mãe (Delzira) levava o filho Reginaldo para os carnavais que aconteciam na avenida Jaime Brasil, ou na praça Capitão Clóvis e também no baile infantil que ocorria no antigo Hotel Boa Vista.
Figura 15– Carnaval de 1956. Reginaldo e a irmã Rosangela

Fonte: Foto do acervo do autor.
Os desfiles cívico-militares que aconteciam nos dias 07 e 13 de setembro também eram celebrados com festas na avenida Jaime Brasil. O garoto Reginaldo era levado pela tia Etelvina ou pela mãe Delzira para os eventos de setembro dos anos de 1950. Os estudantes do Ginásio Euclides da Cunha (GEC) e os do Colégio São José empolgavam a multidão.
Figura 16– Desfile cívico-militar dos estudantes em Boa Vista

Fonte: Foto publicada pelo grupo Boa Vista de Antigamente, plataforma do Facebook, 2023
Figura 17– Desfile cívico-militar dos estudantes em Boa Vista

Fonte: Foto publicada pelo grupo Boa Vista de Antigamente, plataforma do Facebook, 2023
Outro evento que chamava a atenção do garoto Reginaldo eram os famosos comícios políticos, durante o pleito eleitoral. Os eventos aconteciam na residência do governador, na avenida Jaime Brasil, como também do grupo político contrário, no prédio da família Tavares que depois abrigou o IBGE, na avenida Getúlio Vargas. O garoto era levado pelos pais: Nelson e Delzira, para participar dos eventos.
Figura 18– Casa do governador territorial: Evento sociocultural e político

Fonte: Foto publicada pelo grupo Boa Vista de Antigamente, plataforma do Facebook, 2023.
Figura 19 – Avenida Jaime Brasil e o evento social e político: Representantes políticos, estudantes e público em geral na frente da residência do governador.

Fonte: Foto publicada pelo grupo Boa Vista de Antigamente, plataforma do Facebook, 2023.
Figura 20 - Antiga av. Getúlio Vargas: Comício de 1958 no prédio da família Tavares e mais tarde prédio do IBGE.

Fonte: Foto publicada pelo grupo Boa Vista de Antigamente, plataforma do Facebook, 2023.
Na virada do ano de 1959 e 1960, os pais de Reginaldo se separaram. Foi nesse período que as duas mulheres (avó Amélia e a filha Delzira) resolveram deixar Boa Vista levando Reginaldo e quatro irmãos (três meninas: Rosangela, Rossinete, Rosanir e um menino: Rinaldo).
A ideia era viajar de Boa Vista para Manaus no voo da FAB e de lá viajar de navio para o Ceará. No entanto, chegando em Manaus não foi possível continuar a viagem, pois no voo da FAB, a bagagem das mulheres e crianças ficou em Boa Vista.
Depois de um mês, hospedados no hotel Malheiros em Manaus, a bagagem chegou. As duas mulheres resolveram ficar em Manaus e continuar a vida com as crianças.
Figura 21 – A família em dezembro de 1960, em Boa Vista. Da esquerda para direita: Reginaldo, a mãe Delzira, a prima Eunice (Nicinha) e sentado o irmão Rinaldo.

Fonte: Foto do acervo do autor.
No próximo post: 3 – Biografia: Reginaldo Gomes de Oliveira, abordaremos sobre o
Período Acadêmico do autor.
Referência:
OLIVEIRA, Reginaldo Gomes de. Amazônia Caribenha: Memória e História. O trajeto e o desdobramento em outras narrativas históricas de uma família nordestina para Roraima. Boa Vista, RR: EdUFRR, 2020
SANTOS, José. Crianças do Brasil – suas histórias, seus brinquedos, seus sonhos. São Paulo: Peirópolis: Museu da Pessoa, 2008 (Capítulo Reginaldo).










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